sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O que é que faz a gente se apaixonar por alguém? Mistério misterioso. Não é só porque ele é esportista, e ela é linda, pois há esportistas sem cérebro e lindas idem. Mas também não basta ser inteligente, por mais que a inteligência esteja bem cotada no mercado. Tem que ser inteligente e... algo mais. O que é este algo mais? Mistério decifrado: é o jeito.


A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos castanhos: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos castanhos, como se estivesse em câmera lenta.


O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vá tentar explicar isso.


Pelo meu primeiro namorado, me apaixonei porque ele tinha um jeito de estar nas festas parecendo que não estava, era como se só eu o estivesse enxergando, um jeito de saber me agradar que nem meus pais sabiam. O segundo namorado me fisgou porque tinha um jeito aventureiro de ser que me deixava louca. Ele era um cara inteligente, e por isso mesmo eu vibrava quando baixava nele um caminhoneiro. O terceiro namorado tinha um jeito vulgar de falar, jeito rude de tratar os garçons, jeito de rir – sempre alto demais e por coisas totalmente sem graça.

E teve aqueles que não viraram namorados também por causa do jeito: do jeito mauricinho de se vestir: nunca um desleixo, sempre engomado e perfumado, até na beira da praia, do jeito de ser mal educado: não ter vergonha, viver de palavrões, do jeito vagabundo :não querer saber de nada, nem trabalho nem estudo. Mas nenhum defeito nisso. Pode até ser que eu tenha perdido os caras mais sensacionais do universo.

Mas o cara mais sensacional do universo e a mulher mais fantástica do planeta nunca irão conquistar você, a não ser que tenham um jeito de ser que você não consiga explicar. Porque esses jeitos que nos encantam não se explicam mesmo.

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